Uma matéria do jornal Valor Econômico destaca que a mitigação das mudanças climáticas é o grande motor para que a agenda ESG (ambiental, social e de governança) se tornasse obrigatória nas empresas. Não se sabe ainda se os esforços corporativos serão suficientes para evitar os cenários já traçados pelos cientistas do Painel de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC), mas a mudança de posicionamento já é perceptível.
“De 2015 para cá, vemos uma mudança radical de expectativas em relação à ação climática tanto de governos quanto de empresas, além de um barateamento de tecnologias que reduzem emissões. O resultado é que o capital está se movendo nessa direção”, resume Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, think tank dedicado à política climática.
Hoje, 29 empresas com atuação no Brasil firmaram compromissos de neutralidade climática entre 2040 e 2050 no âmbito da Science Based Targets Initiative (SBTI), organização global que estabelece padrões para metas corporativas de mitigação das mudanças climáticas alinhadas à ciência. São 3.547 empresas comprometidas com essa agenda, sendo que 1.255 já possuem compromissos de se tornarem neutras em carbono, validadas pela iniciativa.
Já o número de empresas brasileiras que relatam informações de atuação e compromisso no combate às mudanças climáticas aumentou 46% no último ano, saindo de 838 em 2020 para 1.227 em 2021, segundo levantamento do CDP Latin America, organização referência no mapeamento de dados ambientais de empresas e cidades. Deste total, 32% das empresas reportaram dados climáticos pela primeira vez, o que indica que há mais empresas dando os primeiros passos na mensuração de seus impactos e riscos climáticos.
O movimento também é puxado por questões regulatórias. Um dos motores é a TCFD (sigla em inglês para Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima), iniciativa que busca desenvolver padrões para que as empresas possam medir e divulgar riscos financeiros associados ao tema. É uma ferramenta para que investidores, credores e consumidores possam se informar sobre os riscos que as empresas correm nessa seara e como estão lidando com as adversidades ambientais. Segundo o CDP, 81% das instituições financeiras analisam a exposição de seus portfólios de crédito e de equity aos riscos climáticos, ou seja, o quanto esses riscos podem representar de perdas financeiras.
No Brasil, esse prejuízo pode ser da ordem de R$ 565 bilhões, caso as empresas deixem de considerar o investimento em três pontos centrais: mudanças climáticas, segurança hídrica e combate ao desmatamento.
Outro termômetro da evolução da agenda ESG está em sua penetração nas pequenas e médias empresas. O Sistema B, movimento criado nos Estados Unidos em 2006 que busca redefinir o conceito de negócios bem-sucedidos com base nos benefícios que as empresas geram para a sociedade, dobrou o número de empresas certificadas no Brasil nos últimos dois anos. Hoje são 236 – há cinco anos, eram 60. Entre os certificados, há predominância de pequenas empresas (85%).
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