A adoção de práticas sustentáveis se tornou essencial para abrir mercados e facilitar o acesso a capitais. Levantamento do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), feito em dezembro do ano passado em parceria com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), mostra que a agenda ESG integra a pauta dos investidores e líderes do setor da construção civil. Das 27 empresas do segmento consultadas, 71% declararam que cumprem diversas ações de ESG (sigla em inglês para sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) e outras 29% estão em fase inicial de implementação.
Um exemplo do casamento entre o acesso a recursos e as boas práticas é a Direcional Engenharia. A construtora realizou, no ano passado, sua primeira emissão de títulos de dívida com rotulagem social, recebida de parecer independente e alinhada a diversos temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Captou R$ 300 milhões, que serão investidos em habitações para as faixas 1 e 2 do programa federal Minha Casa, Minha Vida.
Se o objetivo é fazer moradias cada vez mais verdes, a incorporadora e construtora Capitânia está bem-posicionada. Ganhou, com o prédio residencial IDEA Bagé, inaugurado em 2022, em Porto Alegre, o selo máximo do GBC Brasil (integrante do Word Green Building Council), cujo papel é estimular a sustentabilidade na construção civil brasileira.
Processos produtivos aliados a tecnologias limpas estão também na cadeia de suprimentos da construção civil. A Votorantim Cimentos, por exemplo, assinou, em julho passado, financiamento de US$ 150 milhões vinculado a indicadores de sustentabilidade com a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial. Os recursos servirão para reduzir as emissões da fábrica de Salto de Pirapora (SP).
Em 2022, a empresa reviu sua meta de descarbonização, que agora é de 475 kg de CO2 por tonelada de cimento até 2030. Esse volume é 8,7% menor do que a meta anterior, anunciada em 2020. A ambição é chegar a 2050 com uma produção neutra em carbono.
Para isso, a Votorantim Cimentos opera com coprocessamento, substituindo combustível fóssil por biomassas e diversos resíduos, e utiliza subprodutos de outros processos produtivos, reduzindo a proporção de clínquer – intermediário do cimento.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Paulo Camillo Penna, destaca que o setor está engajado na descarbonização. Quer chegar a 2050 com taxa de 55% no uso de combustíveis alternativos e pretende investir cerca de R$ 3,5 bilhões até 2030, apenas para usar resíduos sólidos urbanos – fração não reciclável – como fonte energética.
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