A Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), promoveu o debate sobre o “Conflito Rússia x Ucrânia – Impacto na construção e na economia do Brasil”, com a presença do presidente da entidade, José Carlos Martins, do vice-presidente, Eduardo Aroeira, do gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Souza Azevedo, e da economista, Ieda Vasconcelos.
Após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, as consequências já puderam ser percebidas, não só na economia brasileira, como diretamente na construção civil. Durante a live, Ieda Vasconcelos explicou que, para entender os impactos já sentidos e os previstos para a economia brasileira, é preciso considerar as relações comerciais entre Brasil, Rússia e Ucrânia. Os países em conflito são responsáveis por 30% de todo o trigo exportado para o mundo. E, apesar de não estarem no ranking dos principais destinos de exportação do Brasil, a Rússia é grande parceira comercial do país, quando se trata de fertilizantes.
Com isso, de acordo com a especialista, deve haver aumento de preço dos alimentos. “Como estamos vendo, pode-se esperar um impacto no preço dos alimentos não só pelo aumento do trigo, mas também por conta dos fertilizantes”, apontou Ieda.
Diante da grave situação, Ieda apontou ainda as consequências das sanções impostas à Rússia. “Elas vão provocar um arrefecimento muito forte da economia do país, algo em torno de 15% e 20% do Produto Interno Bruto (PIB) russo, ainda neste ano”, destacou.
Neste cenário, contextualizou como fica a situação do Brasil. “O impacto no Brasil virá pelo menor dinamismo da economia global, pelo aumento do preço das commodities, inclusive as ligadas ao setor da construção civil.”, concluiu Ieda.
Para a construção civil, o aumento do preço do combustível afeta de forma geral o setor, não só com o aumento no preço dos fretes, mas também, as obras de terraplanagem que utilizam máquinas e equipamentos. Outra preocupação para o setor, é o aumento das commodities, como minério de ferro, alumínio e cobre, que já sofreram grande impacto durante a crise sanitária da Covid-19.
Segundo o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Souza Azevedo, a crise, desde 2020, têm atrapalhado o setor da indústria. “A crise gerou o aumento dos insumos, limitando os produtos por conta da inflação. Com o início do conflito, houve uma nova pressão.”
De acordo com o vice-presidente da CBIC, Eduardo Aroeira, outra preocupação atual é no setor imobiliário. “Com o reajuste do preço dos imóveis, as empresas não conseguiram adequar seus preços às suas necessidades.” Segundo Aroeira, “empresas de concreto já precisaram aumentar o valor por conta do transporte, o que causa um impacto imediato”, afirmou.
Ao encerrar o evento, o presidente da CBIC destacou as tratativas que a entidade tem movimentado. “Nesse instante, nós estamos trabalhando várias frentes sobre esse tema. Nós estamos tentando flexibilizar para mitigar um pouco esses riscos que existem, através da Caixa Econômica Federal, para que na hora do repasse não tenha aquela faca na cabeça da construtora. Nós estamos tentando discutir também com o Governo, a respeito de reajustes”, concluiu.
Matéria publicada na Agência CBIC