O Brasil vive um momento singular, com aumento de aporte do capital estrangeiro desde o início do ano, fato que se tornou mais evidente nas últimas semanas. “Precisamos aproveitar as oportunidades para retomar o crescimento econômico e alavancar a atividade industrial. Não podemos ficar fora das macrotendências”, afirmou o presidente do Ciesp, e vice-presidente da Fiesp, Rafael Cervone, durante a abertura da reunião do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp.
Para ele, é necessário debater os grandes temas. “Mas não dá para discutir competitividade sem abordar infraestrutura. Temos capacidade instalada muito grande e podemos crescer mais. O baixo crescimento é algo que nos incomoda. Queremos escalar os resultados”, completou.
O presidente do Consic, Rubens Menin, afirmou que o investidor externo está de olho no Brasil. “Precisamos proporcionar ambiente legal estável, com segurança jurídica, e reduzir a burocracia, o que vai atrair mais aportes estrangeiros. O investimento interno apenas, público e privado, não é suficiente para atender a demanda”, pontuou Menin. “Aqui é o lugar onde botar dinheiro, mas precisamos ajudar”.
Ao considerar o setor imobiliário, o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antonio Nogueira de França, que também é vice-presidente do Consic, elencou gargalos produtivos em todas as etapas, desde a aquisição do terreno, passando pelo licenciamento, aprovações e registros de incorporação, até problemas com o financiamento, processo de desligamento e repasse.
A burocracia representa entre 12% a 31% de custos adicionais para as empresas, mas por meio da aplicação de melhores práticas, a cadeia imobiliária conseguiria reduzir significativamente os custos e o tempo de execução das obras. “A sociedade perde com os atrasos, bem como as empresas, que poderiam empregar mais pessoas em outros projetos. O embargo de uma obra traz muitos impactos e deveria ser visto com mais responsabilidade”, observou França.
Um dos objetivos do Consic, de acordo com Menin, é contribuir com ideias que possam melhorar o setor, o que será feito por meio de grupos de trabalho. “Mas não adianta fazermos tudo só para a gente saber. Temos que botar o estudo debaixo do braço e mostrar para todo mundo: para o Congresso, para as autoridades e para a sociedade”, disse.
Otimista com perspectivas, Menin afirmou ainda que “o Brasil é inevitável”, basta vencer as ‘guerras internas’ que penalizam o empresário e criam ambiente hostil aos negócios. “Quem não mede, não gerencia. E não se pode subavaliar o custo da burocracia. Queremos fazer um novo estudo de toda a cadeia e trabalhar para fazer crescer a indústria brasileira”, finalizou.
Matéria publicada no Observatório da Construção/FIESP