Até a metade deste século não há previsão de que o consumo de Cimento Portland vá diminuir. Todas as projeções indicam que em 2050 a produção mundial sairá dos atuais 4 bilhões de toneladas por ano para chegar aos 5 bilhões de toneladas. Isto mostra o quanto o material é imprescindível para que a humanidade possa progredir, mas impõe um desafio à indústria da construção civil: como continuar usando cimento e concreto em escala elevada sem aumentar a emissão de CO2?
Na 4ª edição da Semana Acadêmica de Engenharia, promovida pelo Instituto de Engenharia do Paraná, o doutor em engenharia civil Jorge Luiz Christofolli tratou desse assunto em palestra online. Ele cita algumas possibilidades para mitigar a emissão de CO2, que são: minimizar o consumo de concreto através do aumento das resistências com o uso de aditivos de última geração, o que permite diminuir o volume e peso das estruturas. No cimento podemos reduzir o teor de clínquer, tema tratado em sua tese de doutorado.
A pesquisa utilizou modelos matemáticos de empacotamento de partículas, a fim de diminuir o número de vazios e aumentar a resistência do cimento e concreto. No estudo foram utilizados materiais como o fíler, a nano-sílica e a argila calcinada (metacaulim) em alto grau de finura para substituir parcialmente o clínquer.
Nos ensaios conseguimos reduzir a emissão de CO2 em 39% para a produção do cimento.
“Também produzimos um cimento que substituiu 50% de clínquer, e que obteve ganho de resistência, chegando a 68 MPa aos 28 dias. Obviamente, foram ensaios de laboratório, mas que mostraram ser possível diminuir a emissão de CO2 através da redução do percentual de clínquer, e ainda aumentar a resistência do cimento e do concreto”, explica Jorge Luiz Christofolli.
“O fundamento principal da minha tese é mostrar que é possível produzir cimento e concreto com uma redução importante da pegada de CO2”, relata.
Gerente de desenvolvimento técnico da Concrebras, Jorge Luiz Christofolli ainda destaca em sua palestra porque o Cimento Portland está entre os materiais mais usados no mundo. “Ele é barato, não tem material substituto com igual performance e sua matéria-prima é abundante na crosta terrestre.”, finaliza.
Matéria publicada no Massa Cinzenta