Os aumentos dos preços dos insumos da construção em níveis superiores à variação do INCC, e suas graves consequências para as construtoras foram expostos a Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e do Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento).
A convite do SindusCon-SP, Penna visitou a entidade em 22 de junho, acompanhado de Valter Frigieri Junior, diretor de Mercado da ABCP. Receberam-nos o presidente do SindusCon-SP, Odair Senra; Renato Genioli e Yorki Estefan, vice-presidentes, e Eduardo Capobianco, representante da entidade junto à Fiesp.
Os dirigentes do SindusCon-SP enfatizaram as dificuldades que o setor tem atravessado, especialmente as construtoras cujos contratos não têm reajuste mensal, as que sequer têm reajustes e as que operam no programa Casa Verde e Amarela. Apontaram ainda o efeito prejudicial dos elevados reajustes do INCC aos adquirentes de imóveis, cuja renda não evolui na mesma proporção. E destacaram a dificuldade de realizar novos orçamentos de obras neste cenário.
Penna atribuiu a elevação dos preços do cimento aos aumentos do coque e da energia, que segundo ele representam hoje cerca de 70% do custo do produto. Afirmou que não faltará cimento neste ano, as fábricas ainda têm capacidade ociosa e algumas permanecem fechadas. Mostrou preocupação com a queda de demanda. Disse que as cimenteiras também têm procurado reduzir custos e informou que conseguiram avançar na redução de suas emissões de carbono.
Falta previsibilidade
Confrontado com a necessidade das construtoras de terem mais previsibilidade sobre a evolução dos preços de seus materiais, o presidente da ABCP e do Snic afirmou que também a indústria cimenteira requer previsibilidade em relação aos seus insumos. Previu que a atual instabilidade deve perdurar no segundo semestre, atribuindo-a à persistência da guerra Rússia X Ucrânia, à inflação e também à conjuntura política.
Os visitantes e os dirigentes do SindusCon-SP manifestaram a intenção de reaproximar as entidades e desenvolver uma agenda de trabalho em temas de interesse mútuo, que possam agregar valor aos setores que representam.
A ideia é unir esforços no desenvolvimento de inovações tecnológicas, novos produtos e sustentabilidade. O SindusCon-SP colocou, como canais para a implementação desta agenda, o iCON Hub, o Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e o Comitê de Meio Ambiente (Comasp).
Os dirigentes do sindicato assinalaram que seria bastante oportuna a participação da ABCP e do SNIC nos eventos anuais mais importantes da entidade, como os Seminários de Tecnologia de Estruturas, de Sistemas Prediais e de BIM.
Matéria publicada no Sinduscon-SP