O índice de satisfação com a situação financeira da indústria da construção caiu para 47,7 pontos no 3º trimestre de 2024. Ao recuar 1 ponto frente ao indicador do 2º trimestre, o índice se afastou ainda mais da linha divisória de 50 pontos. Os dados são da Sondagem da Indústria da Construção da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com base em informações coletadas de 1 a 10 de outubro, de 332 empresas, sendo 129 pequenas, 129 médias e 74 grandes. A pontuação vai de 0 a 100, denotando otimismo ou confiança a partir de 50.
A insatisfação com a situação financeira aumentou para empresas de médio e grande porte e para empresas dos setores de obras de infraestrutura e de serviços especializados para a construção. Entre portes e setores, apenas as empresas do setor de construção de edifícios registraram o índice acima da linha divisória, sinalizando satisfação com a situação financeira.
No 3º trimestre, a insatisfação com o lucro operacional aumentou entre os empresários do setor: o índice de satisfação com o lucro operacional atingiu 45,4 pontos, após recuar 0,2 ponto frente ao índice do 2º trimestre do ano. Esse comportamento pôde ser observado nas empresas de médio e grande porte e no setor de serviços especializados para a construção. Já nas empresas de pequeno porte e nos setores de construção de edifícios e de obras de infraestrutura houve redução da insatisfação no trimestre.
Também houve percepção de aumento do preço médio de insumos e matérias primas: o índice de evolução do preço médio atingiu 61,3 pontos no trimestre. O índice recuou 0,5 ponto na passagem para o 3º trimestre de 2024, indicando que o aumento dos preços nesse trimestre foi menos intenso e disseminado do que o observado no 2º trimestre. O aumento de preços foi percebido nas empresas de todos os portes e setores, mas apenas os índices para empresas de pequeno e grande porte e para o setor de serviços especializados para a construção recuaram na passagem entre os trimestres.
No trimestre, os empresários do setor ainda revelaram elevada dificuldade de acesso ao crédito. O índice de facilidade de acesso ao crédito permanece muito abaixo da linha divisória de 50 pontos, em 40,3 pontos, a despeito do crescimento de 1,2 ponto no 3º trimestre de 2024. A dificuldade de acesso ao crédito foi percebida por empresas de todos os portes e setores da construção.
Obstáculos aos negócios
No 3º trimestre, a elevada carga tributária foi assinalada por 29,2% dos empresários da construção, e ocupou, pelo segundo trimestre consecutivo, a primeira colocação no ranking dos principais problemas enfrentados pelo setor.
Empatados na 2ª posição, estiveram os problemas de falta ou alto custo de trabalhadores qualificados e de taxas de juros elevadas, ambos com 25,4% de assinalações. As assinalações de falta ou alto custo de trabalhadores qualificados, que ocupou a 5ª posição da lista de principais problemas no 2º trimestre, aumentaram 6,4 pontos percentuais no 3º trimestre. Já as assinalações de taxa de juros elevadas, problema que ocupou a 3ª posição no 2º trimestre, aumentaram 1,4 p.p. no 3º trimestre.
A falta ou alto custo da mão de obra não qualificada foram mencionados por 22% dos empresários, um recuo de 2,7 p.p. em relação ao percentual de assinalações do 2º trimestre. A despeito do recuo, o percentual permanece em patamar elevado e está 13,4 pontos percentuais acima da média histórica da série.
Expectativas em alta
Em outubro, os índices de expectativa de nível de atividade, novos empreendimentos e serviços, compras de insumos e matérias primas e número de empregados avançaram. Todos os indicadores ficaram acima da linha divisória de 50 pontos, revelando expectativa de crescimento para os próximos seis meses.
O índice de expectativa de nível de atividade, que atingiu 54 pontos em outubro, avançou 0,7 ponto na comparação com setembro. O índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços avançou 2,2 pontos, atingindo 53,9 pontos. Já o índice de expectativa do número de empregados avançou 1,5 ponto, e atingiu 53,5 pontos.
Os indicadores revelam que as expectativas sobre o nível de atividade, novos empreendimentos e número de empregados, que já haviam sido de crescimento em setembro, se tornaram mais intensas e disseminadas na passagem entre os meses.
Já o índice de expectativa de compras de insumos e matérias-primas, que avançou 1,5 ponto frente a setembro, atingiu 52,8 pontos em outubro, revelando expectativas mais intensas e disseminadas de crescimento das compras para os próximos seis meses.
As expectativas de aumento das compras se tornaram mais intensas e disseminadas nas empresas de pequeno e grande porte, enquanto se apresentaram menos intensas e disseminadas entre as de médio porte. Essas expectativas avançaram nos setores de construção de edifícios e serviços especializados para a construção, enquanto, em obras de infraestrutura, as expectativas passaram a ser de recuo, e não mais de crescimento.
Intenção de investir avança
Em outubro, o índice de intenção de investimento no setor atingiu 46,4 pontos, após avançar 2,5 pontos frente ao índice de setembro. Com o avanço, o índice ficou 8,7 pontos acima da média histórica do indicador, de 37,7 pontos.
Confiança aumenta
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Construção atingiu 54,5 pontos em outubro, o segundo maior valor da série em 2024, inferior apenas ao índice de janeiro (55,5 pontos). Em outubro, o índice avançou 1,2 ponto frente a setembro, o segundo crescimento consecutivo do indicador. Os empresários de indústrias de todos os portes e setores permanecem confiantes no mês, mas, na passagem de setembro para outubro, a confiança se tornou mais intensa e disseminada nas empresas de pequeno e grande porte, com recuo da confiança entre as empresas de médio porte. A alta da confiança ocorreu nos setores de construção de edifícios e serviços especializados para o setor, recuando no segmento de obras de infraestrutura.
O avanço do Icei se deu em função da melhora das avaliações dos empresários tanto em relação às condições correntes quanto em relação às expectativas. O Índice de Condições Atuais avançou 1,2 ponto na passagem entre setembro e outubro, atingindo 50 pontos no mês. A avaliação das condições atuais melhorou nas empresas de pequeno e grande porte, mas apenas o índice para as grandes empresas ficou acima dos 50 pontos, revelando satisfação com as condições atuais. O Índice de Condições Atuais também avançou entre os setores de construção de edifícios e de serviços especializados, mas recuou no segmento de obras de infraestrutura. Apesar dos avanços, os três segmentos registraram índices inferiores à linha divisória de 50 pontos.
O Índice de Expectativa também avançou 1,2 ponto entre setembro e outubro, atingindo 56,7 pontos no mês. A expectativa dos empresários melhorou nas empresas de pequeno e grande porte, recuando entre as empresas de médio porte. Entre os setores de construção de edifícios e serviços especializados, também houve melhora da expectativa, que recuou no setor de obras de infraestrutura. Ainda assim, todos os indicadores por porte e setores permaneceram acima dos 50 pontos no mês.
Atividade e emprego recuam
O índice do nível de atividade da indústria da construção foi de 49,4 pontos. O recuo da atividade foi observado em empresas de todos os portes e nos setores de construção de edifícios (49,6 pontos) e de obras de infraestrutura (47,8 pontos). Em serviços especializados, houve aumento do nível de atividade.
Já o índice do número de empregados foi de 48,4 pontos em novembro. Abaixo dos 50 pontos, o índice do mês revela que houve recuo do número de empregados no setor na passagem de agosto para setembro. O recuo pôde ser observado em empresas de todos os portes e setores da indústria da construção.
Utilização da capacidade
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) atingiu 67% em setembro de 2024, após recuar 1 ponto percentual (p.p.) na comparação com agosto. A UCO de setembro foi equivalente à observado no mesmo mês de 2023 e se encontra 3 pontos percentuais acima da média histórica para o mês, que é de 64%.
O recuo em setembro foi puxado pela queda de 3 pontos percentuais da UCO das empresas de grande porte, única a recuar no mês. Nas empresas de pequeno porte, a UCO avançou 1 p.p. e, nas de médio porte, se manteve estável entre agosto e setembro. Entre os setores da construção houve avanço de 1 p.p. da UCO na construção de edifícios, e recuos de 1 p.p. nos serviços especializados para a construção e de 3 p.p. nas obras de infraestrutura.
Matéria publicada no Sinduscon-SP