Pesquisa encomendada pelo World Green Building Council (WGBC) revela que 47% das construtoras de 83 países – incluindo o Brasil – já levam em consideração as questões ambientalmente sustentáveis quando projetam edificações. O estudo foi divulgado no final de agosto de 2021, e ouviu 1.000 construtoras e escritórios de engenharia e arquitetura das nações que integram o conselho do WGBC.
A pesquisa, realizada em parceria com a empresa alemã SAP SE – especializada em softwares de gestão -, também mostra que 47% das construtoras entrevistadas disseram não adotar projetos de construções verdes por que eles são mais complexos. Outra alegação é que a margem de lucro sobre os empreendimentos ainda não estimula aderir aos projetos que priorizam obras sustentáveis.
O estudo do WGBC também revela que, mesmo entre as empresas que disseram não adotar projetos de edificações verdes, algumas delas buscam dar preferência a uma cadeia de suprimentos sustentáveis em suas obras. Isso eleva o nível de envolvimento das construtoras com a construção verde para 59%.
Para Catherine Lynch, diretora de marketing, engenharia, construção e operações da SAP SE, e que atuou na elaboração da pesquisa, o estudo demonstra uma tendência mundial. “À medida que mais executivos percebem que as escolhas sustentáveis são realmente boas para os negócios, mais empresas de engenharia e construção definirão compromissos de sustentabilidade e adotarão práticas sustentáveis em seus negócios”, avalia.
A pesquisa destaca 3 fatores que influenciam o crescimento da construção sustentável. O primeiro deles são as regulamentações governamentais, que passaram a dar incentivos fiscais para projetos de edificações verdes. Dos países filiados ao WGBC, 30% já adotam políticas favoráveis a esse modelo de construção.
Clientes e investidores demonstram predileção em consumir as chamadas edificações verdes
Outro quesito é que a opção por construir dentro de parâmetros de sustentabilidade exige que as empresas evoluam nos itens planejamento e gerenciamento de obras. Não é à toa que 37% das que dizem projetar dentro dos conceitos de construção sustentável já utilizam BIM (modelos de informação para a construção) e já adotam ou estudam adotar construções com impressão 3D em concreto.
O terceiro fator decisivo a favor das edificações verdes são as crescentes preocupações ambientais de clientes e incorporadores. Isso ocasiona uma predileção de quem compra imóveis e investe em empreendimentos imobiliários pela construção sustentável. “À medida que aumenta a demanda por questões ambientais, um número crescente de investidores e consumidores questiona os métodos tradicionais de construção e pressiona por práticas de negócios mais sustentáveis”, afirma Catherine Lynch.
Já Cristina Gamboa, CEO do World Green Building Council, salienta que a pesquisa sinaliza uma tendência, mas ela alerta que é preciso acelerar processos para que as construtoras que ainda não adotam conceitos de construção sustentável o façam. “Soluções climáticas passam pelo ambiente construído. Então, é urgente que o setor da construção civil aja para alcançarmos metas definidas internacionalmente no médio e longo prazo”, finaliza.
Matéria publicada no Massa Cinzenta