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Taxa de juros e reforma tributária podem impactar mercado imobiliário

A 1ª Rodada de Negócios Imobiliários de 2023, promovida pela Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), trouxe à tona questões acerca de juros e projeções que podem impactar os próximos passos do mercado imobiliário no país. Para abordar o cenário, o evento recebeu executivos dos bancos Bradesco, Itaú Unibanco e Santander.

O setor, que superou os desafios e incertezas durante o período da pandemia da Covid-19, agora atravessa um período de dúvidas e ajustes, como a alta de juros e a reforma tributária.

De acordo com o economista do banco Bradesco, Thiago Angeles, há uma dinâmica de acomodação acontecendo. “O país deve se estabilizar ao longo dos próximos trimestres em um crescimento muito próximo de zero, resultado desse aperto da política monetária, com grande exceção ao primeiro trimestre, que há uma grande incorporação dos números do agro. Esse dado é importante para entender qual será a dinâmica de 2023”, explicou.  

De acordo com Celso Petrucci, presidente da CII, a história já demonstrou que o mercado imobiliário é cíclico e foi superando crises ao longo dos anos. Hoje, as maiores operações bancárias são as de crédito imobiliário, principalmente as de pessoa física. “É a carteira com maior garantia e com menor inadimplência, uma das operações mais seguras”, exemplificou.

Para o diretor de Crédito Imobiliário do Bradesco, Romero Albuquerque, ainda que os lançamentos tenham caído em torno de 8% e as vendas próximo de 3%, em 2022, não há sobreoferta de imóveis. “Se a gente parasse hoje, o estoque acabaria em novembro a nível nacional. É um mercado ainda saudável”, ponderou. Romero afirmou ainda que as próximas decisões oriundas das negociação com os incorporadores dependem das definições de agendas de governo e seus impactos sobre os índices fiscais, além da reforma tributária.

Para o superintendente do Itaú-Unibanco, Fabrizio Ianelli, o setor se encontra em um momento totalmente diferente. O banco atua em um modelo de negócios voltado para a fidelização do cliente por meio do crédito imobiliário. “Em função da elevação da taxa de juros e do endividamento das famílias, um dos focos principais está na área de pessoa física, na jornada do cliente, como, por exemplo, a expansão da digitalização de serviços e processos. “Hoje, na palma da mão, o cliente consegue negociar, pular o pagamento de até duas parcelas, para dar um fôlego em momentos difíceis”, declarou.

Ianelli revela que um dos objetivos do banco é que o financiamento imobiliário seja facilitado tanto quanto o financiamento de veículos. “Um passo importante é o registro eletrônico, viabilizado pela nova lei dos cartórios”, ressaltou.  

Para o superintendente do Itaú-Unibanco, Milton d’Ávila, os dois últimos anos foram superlativos, os melhores em concessão de crédito imobiliário em qualquer esfera de discussão. “Ainda que 2023 seja um cenário desafiador, ainda é possível ser o terceiro maior ano da história”, sugeriu. 

Uma das novidades trazidas pelo banco, segundo d’Ávila, é o subsídio de taxa para projetos sustentáveis, denominado plano empresário verde. “Iniciamos com uma parceria com a FC Ambiental, EDGE, e hoje trabalhamos com os melhores selos do mercado”, declarou. Já são R$ 3 bilhões em financiamentos de projetos dessa modalidade”, enfatizou.

Para o superintendente do Itaú-Unibanco, uma das expectativas é o aumento do número de canteiros de obras nos próximos dois anos. Acerca do custo de mão de obra, d’Ávila afirmou que o pior já passou, mas o cenário deve ser observado.

“Os juros estão mais altos, mas a conta ainda fecha”, refletiu. Como as vendas estão ocorrendo, a gente deve passar com muito mais tranquilidade do que em 2014 e 2017″, destacou. “As empresas se reinventaram e estão investindo em governança, com um alto nível de organização, profissionalismo e menor número de dívidas”, concluiu. 

Sobre as modalidades de financiamento, o executivo de Negócios do Santander Brasil, Sandro Gamba, afirmou que, atualmente, o banco só opera na pessoa jurídica com taxa indexada e privilegia o financiamento para pessoas físicas com o recurso do SBPE. “Vimos que, em janeiro de 2023, a saída da poupança foi recorde, então entendemos que esse cenário pode continuar”, explicou. “A gente tem que discutir outras propostas e formatos para a garantia dos próximos financiamentos”, completou.

O presidente da CII, Celso Petrucci, reafirmou que o encontro foi uma relevante oportunidade para reunir parceiros e dialogar acerca de propostas inovadoras para o ambiente de negócios. “A participação de executivos dos bancos é importante e estratégica para a compreensão do cenário como um todo e para pensar caminhos viáveis para melhores créditos imobiliários, especialmente para pequenas e médias empresas”, finalizou.

Matéria publicada na Agência CBIC
 

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