A manutenção da taxa Selic em patamares elevados (13,75%), o crescente endividamento das famílias e a lenta recuperação dos salários vêm dificultando o acesso a empréstimos e crédito – além da competição de investimentos imobiliários com produtos do mercado financeiro.
Todos esses fatores resultaram na desaceleração das vendas de cimento, informa o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Em setembro, a comercialização do produto registrou queda de 3,8% em relação ao mesmo mês de 2021, atingindo 5,5 milhões de toneladas comercializadas.
Ao se analisar o despacho de cimento por dia útil em setembro, de 238,4 mil toneladas, verificou-se um aumento de 1,6% em comparação a agosto e uma queda de 3,5% sobre mesmo mês do ano passado.
No acumulado de janeiro a setembro, foram vendidas 47,7 milhões de toneladas, com recuo de 3%.
No entanto, um cenário de recuperação de empregos e do Produto Interno Bruto e o arrefecimento da inflação têm potencial para reduzir a queda de vendas de cimento para o patamar de 2%, em linha com as projeções do SNIC.
No que diz respeito aos indicadores de confiança, o índice do consumidor subiu pelo quarto mês consecutivo em setembro, atingindo o melhor nível desde janeiro de 2020, enquanto o da construção alcançou o maior patamar desde novembro de 2012.
Porém, nem todos os segmentos da construção avançaram na mesma direção. O setor de edificações teve recuperação, mostrando uma confiança semelhante ao alcançado no início de 2014, mas houve queda na infraestrutura.
Em relação ao ambiente externo, as principais economias mundiais tentam conter a inflação elevando as taxas de juros, comprometendo o crescimento da atividade econômica no mundo.
O reflexo negativo permanece com altos patamares nos preços de insumos energéticos. Na mesma direção, as matérias-primas que integram o processo produtivo do cimento mantêm alto percentual de reajuste desde 2020.
“Para a retomada do crescimento do setor é necessário investir no desenvolvimento urbano e de infraestrutura”, comenta Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.
“Também é fundamental elevar a presença do cimento em programas habitacionais, como o uso da parede de concreto, que traz ganhos de produtividade e sustentabilidade para a construção civil”, complementa.
Segundo ele, é imprescindível ainda incluir o pavimento de concreto como opção nas licitações de ruas e rodovias.
“Trata-se de um método construtivo de maior durabilidade, mais econômico, que exerce o menor impacto ambiental e ainda traz conforto e segurança para os usuários”, aponta Penna.
Matéria publicada na Grandes Construções